quinta-feira, maio 26

A dor é de quem tem.


Ainda penso. Ainda tenho saudade. Ainda preciso sentir esse amor.  Como quem não aceita o destino. Como quem é incansável, me pego pelos cantos, desolado, sem pressa, com fé. Muita fé no passado é esperança no futuro.  E eu espero. O dia de amanhã talvez seja mais bonito. Talvez você esteja nele. Com aquele sorriso de sempre, às vezes forçado, às vezes tímido, mas sempre belo. [...]

Carolina Oliveira

terça-feira, abril 26

Um conto, um ponto?

Estou com saudades do meu coração


Todo domingo o parque fica enfeitado com diversos rostos. Uns sorridentes, outros tristes por estarem sozinhos, talvez. E o meu. Pensativo, passivo e admirador. Pensativo porque o parque me traz reflexões. Passivo porque é de minha natureza. Admirador, pois estou diante de pessoas.

A minha passividade me trouxe uma angústia. No último domingo, estava eu sentado no banco de sempre, ao lado do carrinho de pipoca, uma moça de boa aparência se aproximou. Vestia um jeans preto, um casaco de lã, que parecia ter sido feito com imenso carinho, e usava botas. Fazia frio naquele domingo.

Ela sentou-se ao meu lado. E antes que eu completasse minha inspiração, que foi realizada unicamente para sentir o doce aroma do perfume dela, ela me disse ‘bom dia’. Que voz suave! Logo respondi. Foi então que o rosto dela virou-se para o meu. Olhos claros, sorriso perfeito e um leve ar de simplicidade.

Foi ali que entreguei meu coração a ela. Não trocamos mais nenhuma palavra. Por exatos trinta minutos ficamos ali, parados. Um ao lado do outro, em silêncio. Meu coração insistiu, quis ficar com ela. E ela se foi, levando-o. Nem mesmo agradeceu. E agora estou aqui, com saudades do meu coração.

Carolina Oliveira

domingo, abril 24

Continua lindo



Ver a cidade maravilhosa de perto é ler poesias. Palco de tantos acontecimentos, é impossível não lembrar as canções dos poetas das vilas, do cantador apaixonado que via canção nas calçadas de Ipanema. E só vendo de perto para entender que não é exagero a perfeição pronunciada tantas vezes em centenas de vozes ou tons diferentes. O céu azul que ilumina a praia de Copacabana só acrescenta brilho à beleza das famosas calçadas. Estas que são recheadas de mãos musicais inspirados na bossa de Vinicius e Jobim. É fechar os olhos e sentir os acordes. Até Drummond rendeu-se à beleza, e ostenta o privilégio de sentar-se por ali mesmo, como se fosse o proprietário daquele lugar. É tanta perfeição de Copa que nem é imediata a visão que Ipanema está logo ali, com as garotas da música em direção ao mar. Praia que vem depois das ondas do Arpoador, que se não tivesse as rochas (ou a música de Cazuza), não seria nem notada pelo pouco espaço que a concederam. Pequenas águas porém grande beleza. Aí então que vem Ipanema, a coisa mais linda. Que se fez famosa pelas mulheres que lá passam. E olha que não são poucas!
E se olhar para traz o Cristo está logo ali. De braços abertos, como um bom anfitrião. Oferece lá de cima uma das visões mais deslumbrantes. É deliciosa a sensação de sentir o vento forte e o frio na barriga de estar a uma altura gigantesca, que é preferível não saber exatamente o quanto, porém sobre proteção do Redentor. De lá observamos o Pão de Açúcar. Que parece que foi desenhado pelo próprio Cristo, e quanto doce tinha nas mãos Dele. Lugar mágico. A união da natureza com o mundo de tecnologias. Um bondinho que leva qualquer um as alturas. Com segurança, em três minutos, é possível ter a visão incrivelmente bela da cidade maravilhosa. O mar, a lagoa, os prédios, as casas, as favelas, os morros, o céu, uma cidade em meio à natureza.
Depois da beleza natural vem a criada pelos homens. O Rio Antigo com calçadas conservando o que era a velha capital do país. Além das construções já restauradas, como o grande Theatro Municipal ou a Biblioteca Nacional, deixando a cidade com ar de capital européia. Sem contar a monumental construção, ali mesmo na praça central, do Museu Nacional de Belas Artes. Com direito a exposição da réplica da estátua grega Venus de Milo. Ainda no Rio Antigo, o famoso bairro da Lapa. Com seus arcos é palco de rodas de samba durante a noite. Noite que não tem igual. É possível voltar aos tempos de Cartola e Noel Rosa, é só usar um chapéu panamá e relaxar ao som do violão e dos batuques dos tambores. Uma noite é pouco para o que a Lapa tem a oferecer. Sem contar que pela manhã o passeio no bondinho de Santa Tereza é inevitável, imagine só, observar a Lapa das alturas! E mais, andar sobre os famosos arcos.
Já distanciando um pouco da capital, vem a região dos lagos ou paraíso fluminense. Foram cidades escolhidas para representar a perfeição. Arraial do Cabo, Cabo Frio e Búzios. Com praias paradisíacas essas cidades se tornaram porto para muitos marinheiros de primeira viagem. Água limpa, arreia branca, um mar azul (e mais que o céu) outro verde, grutas, histórias de fé, outras de pescadores. Enfim, um museu ao céu aberto, com um sol maravilhoso como parte da iluminação.
O Rio é romântico, é lindo, é poético, mágico, inspirador. Quem anda por aquelas ruas jamais esquece. É um pouco da nossa história. Tem um povo com ar de malandro mesmo, como dizem por aí. No tom de voz, no jeito de olhar, na forma acolhedora de receber um visitante. O povo é apaixonado e orgulhoso do que tem. O velho, o adulto, a criança, todos falam a mesma língua. Possuem um sotaque inesquecível e inconfundível. Por tudo isso e por muito mais, deve ser muito bom ser carioca! 

Carolina Oliveira